Aninhada no coração da ensolarada província do Alentejo, Évora é uma das cidades mais antigas e encantadoras de Portugal. Se destacando como uma povoação romana, a cidade foi também ocupada por cerca de 500 anos pelos árabes muçulmanos.
Na Idade Média, Évora prosperou como um centro de aprendizado e artes, tendo sido patrocinada ao longo dos séculos por uma sucessão de reis portugueses.
Por isso mesmo que algumas das suas principais atrações são justamente os mosteiros e as igrejas que permanecem como testemunho de um passado devoto e piedoso.
A abundância de diferentes estilos arquitetônicos, juntamente com a fusão de culturas e religiões tão diversas, levou a Unesco a declarar Patrimônio da Humanidade o centro histórico de Évora.
Para o conforto dos visitantes, este precioso tesouro de museus e monumentos se agrupa dentro das muralhas medievais da cidade. Muitas das coisas para ver e fazer na cidade podem ser facilmente exploradas a pé.
A atmosfera animada de Évora é melhor apreciada passeando por suas ruas estreitas. Ao longo do caminho, cafés familiares e lojas de artesanato seduzem os visitantes. Por sua vez, os restaurantes da capital do Alentejo servem uma das mais saborosas gastronomias do país.
Confira a nossa lista das principais atrações de Évora.
1. Sé (Catedral)
Não fique intimidado pela austeridade da catedral de Évora. Afinal, sua fachada de granito resiste à passagem do tempo desde 1204 e esta estrutura pesada se assemelha a uma fortaleza, que é reforçada por um par de impressionantes e assimétricos campanários.
O visitante com um olhar mais aguçado para a arquitetura irá notar a fusão do românico com o gótico, mas todos irão se emocionar com os apóstolos esculpidos do século 14 que circundam o portal principal do templo.
No interior, a acústica do edifício faz com que até sussurros soem muito altos. E o clima de austeridade se impõe pelo altar-mor do século 18 e a capela-mor, toda feita em mármore polido.
No edifício ao lado, em estilo barroco, está o Museu de Arte Sacra, com peças e artefatos raros em exposição, feitos de ouro, prata e outros metais preciosos.
No entanto, a principal atração é subir a sinuosa escadaria que leva até o telhado, de onde é possível admirar uma inesquecível vista do Alentejo.
2. Igreja de São Francisco (Capela dos Ossos)
A Capela dos Ossos, integrada no convento e igreja de S. Francisco, é provavelmente a atração turística mais macabra de Portugal. Os visitantes mais sensíveis devem ter ciência que a capela foi construída com os restos mortais de milhares de monges que jaziam em mais de 42 cemitérios monásticos da região.
Como eles ocupavam muito espaço, a capela foi construída pela iniciativa de 3 monges franciscanos que, dentro do espírito de época, da contrarreforma religiosa do século 17, quiseram transmitir a ideia da transitoriedade da vida.
O oratório é revestido por centenas de caveiras e esqueletos quebrados. É possível observar dois esqueletos inteiros que estão pendurados em uma corrente perto do altar, sendo um deles o de uma criança. Olhe para cima e contemple imagens igualmente macabras pintadas no teto.
Calcula-se que na obra foram utilizados cerca de cinco mil ossos, entre crânios, fêmures e vértebras, que foram ligados com cimento pardo, dispostos pelas paredes, colunas, teto e até mesmo do lado de fora.
Apesar de sua reputação assustadora, a Capela dos Ossos atrai turistas de todas as idades, fascinados por seu horripilante design interior. E ninguém parece se importar com o dístico sarcástico na entrada que diz: “nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”.
Geralmente, os turistas procuram os famosos ossos na igreja de São Francisco. Mas a Capela dos Ossos fica ao lado da igreja principal, com uma entrada própria, onde é preciso pagar ingresso.
A visitação à igreja de São Francisco é gratuita e tem um interior fabulosamente ornamentado, que vale a pena entrar para ver.
3. Templo Romano
A principal atração turística de Évora é conhecida como Templo de Diana, apesar de não haver provas históricas de que o monumento tenha sido dedicado à deusa romana.
A lenda persiste, no entanto, assim como o nome indevido. Mas isso não tem a menor importância e as ruínas do templo continuam a atrair multidões de visitantes, sendo um dos marcos romanos mais significativos de Portugal.
Acredita-se que o templo tenha sido erguido 2 ou 3 séculos antes de Cristo. Mas o que assombra são as 14 colunas sobreviventes encimadas por capitéis coríntios, que permanecem sólidas sobre uma base de granito.
À noite, o templo romano é iluminado e o brilho suave e etéreo das luzes aumenta sua grandeza e mística.
4. Museu de Évora
Moderno e muito atrativo para as crianças, o museu de Évora é deliciosamente espaçoso e arejado, soberbamente projetado para alojar uma coleção de tesouros locais no lugar que já foi residência de nobres e bispos.
É um antigo palácio do século 16 e, sob o mesmo teto, está representada toda a história da cidade. As peças mais importantes do museu são um conjunto de 13 painéis que representam a vida da Virgem Maria e 6 painéis de menor dimensão da Paixão de Cristo, datados de meados do século 15.
No museu, ainda se pode admirar pinturas de conhecidos artistas portugueses, entre outras peças como o Esmalte de Limoges, o azulejo da Anunciação da Virgem, túmulos da época medieval, e também estatuaria romana e aras votivas (pedras erigidas em memória de alguém).
O Museu de Évora tem mais de 20.000 objetos dos mais variados temas, sendo um dos mais importantes do país. As pinturas têm lugar de destaque no primeiro andar do edifício, que mesmo é muito bonito por dentro.
Do outro lado da praça do museu fica o Centro de Arte e Cultura, instalado no prédio do Fórum Eugênio de Almeida. Esta antiga estrutura maravilhosamente restaurada, que já foi o Palácio da Inquisição, abriga uma série em constante mudança de instalações artísticas de artistas nacionais e internacionais.
A entrada é gratuita e pode ser um bom abrigo para fugir do calor do verão, e onde também há banheiros para aliviar as necessidades.
5. Termas Romanas
Os banhos romanos, descobertos em 1987 quando se realizavam obras na prefeitura (Câmara Municipal), são outra significativa atração da era romana.
Datados do primeiro século da nossa era, os vestígios incluem uma porta de tijolos em arco – a entrada para uma incrível sala rebaixada onde funcionava o banho de vapor circular muito bem preservado, de nove metros de diâmetro. Podem ainda ser apreciados vestígios da fornalha ou praefurnium (essencialmente, um sistema de aquecimento central) e da natatio (piscina ao ar livre).
Este extraordinário exemplar de arquitetura romana teria sido instalado no maior edifício público da Évora romana e hoje pode ser visitado gratuitamente, de segunda a sexta-feira em horário de expediente.
6. Palácio dos Duques de Cadaval
O grandioso Palácio dos Duques de Cadaval, do século 14, incorpora vestígios do castelo há muito perdido da cidade, sendo as muralhas medievais que cercam a propriedade uma referência óbvia.
O palácio ainda é uma residência privada, mas os proprietários abriram ao público vários quartos para exibir valiosas heranças de família, uma coleção fascinante que inclui valiosos manuscritos iluminados do século 15, armaduras desajeitadas do século 16, e diversas armas antigas, bem como pintura e escultura dos séculos 17 e 18.
7. Igreja São João Evangelista
O despretensioso exterior da igreja de São João Evangelista abriga um interior deslumbrante, com fabulosos painéis de azulejos do início do século 18, que retratam cenas da vida de São Lourenço. Mesmo os visitantes não religiosos com certeza vão admirar este notável trabalho do pintor António de Oliveira.
A igreja do século 15, no entanto, apresenta um terrível espetáculo secundário, um ossuário cheio de ossos de túmulos nas proximidades. Caminhando na ponta dos pés em direção à nave, preste atenção à estranheza do edifício – a cisterna mourisca escondida sob um alçapão colocado entre os bancos. Se estiver trancado, peça ao zelador para levantar a tampa dessa intrigante construção.
8. Praça do Giraldo
A Praça do Giraldo é o centro nevrálgico da capital do Alentejo. A sua denominação é uma homenagem a Geraldo Geraldes, o Sem Pavor, que conquistou a cidade aos mouros em 1167.
O local é o coração da cidade e alberga restaurantes, cafetaria e lojas, sendo também palco de muitas atividades artísticas e culturais. No centro da praça, há uma fonte de mármore do século 18, em estilo barroco, com 8 bicas e uma coroa no topo.
A praça foi palco de momentos importantes da história de Portugal, como a execução de Fernando II, Duque de Bragança, em 1483, condenado por traição; a queima pública das vítimas da Inquisição no século 16; ou ainda os intensos debates sobre a reforma agrária durante a década de 1970, na sequência da Revolução dos Cravos. .
O chão da praça é de calçada portuguesa. Do lado contrário à fonte, está a agência do Banco de Portugal, com uma fachada fantástica, um edifício que em tempos idos esteve ligado à Inquisição.
Por baixo das arcadas, onde é possível abrigar-se do sol quente dos meses de verão, se encontra comércio do mais variado e dois locais de visita obrigatória: a Papelaria Nazaré, a mais antiga de Évora, e o famoso Café Arcada, com alguns dos melhores bolos da cidade.
Do lado oposto das arcadas está o posto de turismo local, um lugar essencial para se obter boas informações sobre o que visitar em Évora.
Localizada na praça se encontra também a Igreja de Santo Antão, do século 16, com um raro frontal de mármore do altar-mor que representa a igreja que antes ocupava o local, a ermida de Santo Antoninho.
No verão, os restaurantes colocam mesas ao longo da esplanada e a agitação de pessoas passa bem longe das decapitações e queimas na fogueira da Inquisição, que o local foi testemunha em tempos medievais mais sombrios.
Felizmente, o entretenimento que o visitante encontrará provavelmente será um animado teatro de rua ou um concerto de música ao vivo encenado à sombra da Igreja de Santo Antão.
9. Universidade de Évora
Os salões universitários de Évora merecem nota máxima pela aparência. Seu gracioso claustro renascentista está repleto de mármore esculpido e embelezado por azulejos azul-celeste. Mas a verdadeira aprendizagem começa nas salas de aula, cujas paredes foram decoradas com painéis de azulejos que representam cada uma das disciplinas lecionadas.
A universidade de Évora foi fundada em 1559, o ambiente sagrado animado pelo uso de azulejos para retratar temas estudiosos, como Aristóteles ensinando Alexandre e Platão dando palestras para discípulos. Alguns dos painéis são enormes – obras de arte que ainda possuem cores vibrantes 200 anos depois de pintadas.
A escola ainda é usada pelos alunos e os visitantes devem verificar com o porteiro e pagar uma taxa antes de explorar. A capela barroca do século ‘8, conhecida como Sala dos Actos, merece certamente uma visita. Se estiver fechada, peça a chave ao zelador.
10. Largo da Porta de Moura
A ocupação de Évora pelos mouros deixou a sua marca cultural por toda a cidade, e esta pitoresca praça tem este nome devido à porta mourisca que guardava os seus acessos ocidentais.
A estrutura que se vê no primeiro plano na foto acima é uma fonte renascentista de quase 500 anos. Embora desativada, é um belo exemplo da arquitetura maneirista portuguesa, tendo sido por séculos um dos principais pontos de abastecimento da vila medieval.
Digna de nota neste largo, está a Casa Cordovil, com o seu mirante que mescla o estilo das navegações, o manuelino, com outro de inspiração moura, o mudéjar.
Os pequenos cafés de ambos os lados da Porta de Moura proporcionam uma pausa improvisada para o café. À noite, com as luminárias acesas, o local é ainda mais encantador.
11. Aqueduto da Água de Prata
O Aqueduto das Águas de Prata cativou a imaginação do pai da língua portuguesa, o poeta Luís de Camões, que descreveu o majestoso curso de água do século 16, no seu poema épico Os Lusìadas, publicado em 1572.
A estrutura ainda é vista com admiração, os arcos mais altos do trecho sobrevivente de 9 km atinge uma altura de 26 metros e é visível em toda a cidade e mais além.
Ao longo dos anos, lojas e outras instalações comerciais foram instaladas dentro de seus arcos. Existem até algumas casas aconchegadas entre suas paredes. Os exemplares mais interessantes podem ser admirados na Rua do Cano e arredores.
12. Pousada Convento de Évora
A 1 minuto a pé do templo romano de Évora, este hotel sofisticado fica em um antigo mosteiro do século 15 (Convento dos Lóios) e está a 2 minutos da Catedral de Évora e a 7 minutos da Capela dos Ossos.
Os quartos da pousada são as antigas celas dos monges Lóios, que mantém as suas características originais e históricas, mas que foram cuidadosamente atualizadas em termos de conforto.
Nesta pousada, o visitante pode desfrutar da experiência de passar a noite em uma cela monástica, enquanto estão assegurados todos os confortos da vida moderna, como banheira e chuveiro, ar-condicionado, frigobar, wi-fi grátis e TV de tela plana.
13. Jardim Público
Os jardins públicos da cidade margeiam o extremo sul do centro histórico de Évora, perto da Igreja de São Francisco, sendo um local privilegiado para piqueniques e perfeito para um passeio agradável.
O local está situado no interior das muralhas do outrora opulento Palácio de Dom Manuel, do qual só resta a elegante Galeria das Damas, um pavilhão datado do século 15.
No início da primavera, os jardins explodem em cores quando as flores brotam nos gramados e os bancos do parque são disputados pelos locais e visitantes.
Os finais de semana atraem as famílias locais e pode ser preciso ter que esperar por uma mesa nas esplanadas ao ar livre.
14. Circuito megalítico de Évora
O Cromeleque dos Almendres se localiza na freguesia de Nossa Senhora de Guadalupe, no município de Évora, a cerca de 15 km a oeste da cidade
É um círculo de pedras pré-histórico (cromeleque) constituído por 95 monólitos em pedra, sendo o mais importante monumento megalítico na Península Ibérica e um dos mais relevantes do continente europeu, não apenas por suas dimensões, mas também por seu estado de conservação.
Acredita-se que esta misteriosa composição neolítica, incrustada de líquenes que datam entre 4000 e 2000 AC, tenha sido um templo dedicado a um culto solar.
Alguns arqueólogos defendem que o círculo de pedras funcionava como uma espécie de observatório astronômico primitivo. Para reforçar o enigma que envolve o propósito dos monólitos, uma pedra solitária com 2,5 metros de altura, chamada de Menir dos Almendres, está localizada a 1,5 km do cromeleque.
Um trilho pedestre que serpenteia um olival faz a ligação entre os dois locais e estão disponíveis, para os interessados em pré-história, visitas guiadas lideradas por arqueólogos locais.
15. Circuito Arraiolos-Estremoz
A vila fortificada de Arraiolos, situada a 23 km a noroeste de Évora, é a primeira parada neste passeio panorâmico circular.
A fortaleza no topo da colina oferece vistas incríveis da paisagem circundante, mas o que realmente faz a fama desta pitoresca aldeia é a sua reputação de bordado.
Alguns dos melhores tapetes de Portugal são tecidos nesta vila, bordados à mão, tapetes de lã brilhante, que são costurados por senhoras de dedos ágeis e que seguem uma tradição que perdura desde o século 13.
Os melhores exemplos são os elaborados desenhos florais elaborados ao longo de vários meses por equipes de mulheres que tecem o tempo todo para produzir belas e bem elaboradas tapeçarias.
Os tapetes são suvenires únicos, seja como tapeçarias ou revestimentos de piso, sendo comercializados nas lojas de tapetes encontradas ao longo da rua principal.
Após o almoço, o circuito segue até Estremoz, localidade famosa pelos seus belos mármores. É tão abundante a presença do mármore na região que a pedra adorna grande parte da cidade e é ainda utilizada nas calçadas e escadarias.
Um castelo datado de 1258 reina sobre o centro histórico e hoje é uma elegante pousada. Durante o início do século 15, foi a residência do rei D. Dinis e da rainha D. Isabel. Hoje, os visitantes podem admirar uma estátua de mármore da rainha no terraço ou escalar a fortaleza do século 13 para incríveis vistas panorâmicas .
Perto está o Museu Municipal com uma coleção de mobiliário antigo, cerâmica local e arte eclesiástica. Para os compradores, o mercado de sábado no Rossio Marquês de Pombal, a praça principal da cidade, vende uma fabulosa seleção de queijos e cerâmicas locais e é um dos maiores mercados de Portugal.
Como chegar a Évora a partir de Lisboa
É uma tarefa relativamente simples conduzir os 140 km a leste de Lisboa ao longo da autoestrada A6 até Évora. Pode-se utilizar as pontes 25 de Abril ou Vasco da Gama para entrar na A6, sendo que a viagem demora cerca de 1,5 horas. Não se esqueça que estas rodovias têm pedágio em Portugal.
Évora tem boas ligações de transportes públicos a partir de Lisboa. Os ônibus da Rede Expressos partem diariamente da estação central de Sete Rios, em Lisboa.
Os trens da CP ligam Lisboa a Évora quatro vezes por dia a partir das estações ferroviárias do Oriente, Sete Rios e Entrecampos. Observe que a estação ferroviária de Évora se localiza a um quilômetro ao sul do centro da cidade, a 20 minutos de caminhada.
Como chegar a Évora a partir do Porto
É uma longa viagem do Porto a Évora. O percurso mais rápido é pelas autoestradas A1 e A6, um percurso de 410 quilómetros que, se o trânsito o permitir, demora cerca de quatro horas. Para quem viaja de trem ou de ônibus, é necessária uma escala em Lisboa.