Ascensão é na Chamusca!!! Na Vila da Chamusca, se realiza todos os anos a Semana da Ascensão, uma das maiores festas do Ribatejo português, que atrai milhares de visitantes de toda a região. A meio da primavera, diz o o dito popular “da Páscoa à Ascensão, quarenta dias vão”. Uma imensa alegria emana da terra e dos homens nesses dias cheios de sol. Uma oportunidade para os visitantes conhecerem as tradições ribatejanas, a gastronomia local e a arte do homem da terra em lidar com os touros.
O ponto máximo da Semana da Ascensão é sempre a tradicional Entrada de Toiros na chamada Quinta-feira da Espiga, feriado municipal. Nesse dia, a vila da Chamusca recebe milhares de aficionados das lides tauromáquicas, numa onda de entusiasmo e emoção, para ver passarem os touros, que são guiados pelos ‘campinos’, e vivenciar um espetáculo realmente mágico.
Nesse dia, também festeja-se a Tradicional Apanha da Espiga, uma festa popular que é tradicional em várias outras terras portuguesas. A Apanha da Espiga é uma tradição de caráter religioso, dia em que a Igreja católica comemora a ascensão de Jesus Cristo ao céu.
A parte da tarde é marcada pela tradicional corrida de toiros na centenária Praça de Toiros da Chamusca, que é para onde todas as atenções se voltam nesse dia.
A Semana da Ascensão, hoje em dia, é mais que uma festa somente de tradições. É onde se realiza também uma das mostras empresariais mais importantes da região, com o objetivo de promover o empreendedorismo e atrair investimento e dinamização do tecido empresarial.
Durante aquela que é a maior semana do concelho da Chamusca, não faltam as mostras gastronômicas, de produtos regionais e artesanato. Os visitantes podem provar e se deliciar com a gastronomia local com as “tasquinhas”, onde se come e bebe de tudo, e onde também o fado se faz presente. A Ascensão é o que os portugueses costumam chamar de “festa brava”.
Uma tradição bem viva
De tradição inicialmente religiosa, é uma festa profundamente rural, ligada à multiplicação das flores e ao aloirar das searas, onde o ramo da espiga é o símbolo do pão e da vida. A Festa da Ascensão também comemora a subida de Cristo ao Céu, encerrando um ciclo de quarenta dias que começa na Páscoa.
Numa semana de maio, tudo se conjuga na Ascensão, onde os habitantes da terra assumem a sua alma agrária e o seu jeito de viver. A Ascensão foi sempre uma festa mesmo no tempo que não era feriado, como hoje é a Quinta-feira da Espiga, dia sagrado da terra, onde o povo largava a enxada e colhia espigas, pés de rosmaninho florido e alecrim, raminhos de oliveira, esgalhos de cepa e papoila para compor o raminho que era levado para casa e lá ficava o ano inteiro, pendurado na parede.
Veja algumas imagens:
O Dia da Espiga
Esse dia tem origens na tradição pagá, como em muitas festas cristãs. As primeiras colheitas da primavera eram celebradas ao meio da estação, por volta do final de maio. Além da celebração, as pessoas pediam abundância e boas qualidade nas colheitas.
Com o início da era cristã, o Dia da Espiga coincidiu, de propósito, com um feriado português que celebra a ascensão de Cristo aos céus, feriado este que se chama a Quinta-feira da Ascensão, como já referimos, 40 dias após a Páscoa.
A tradição perdurou até os dias de hoje e muitos ainda fazem os seus ramos, que se modificaram com o tempo e a modernidade da vida urbana. O ramo é feito com a espiga – de qualquer cereal -, que é o seu principal item, podendo ser um ramo de trigo, de aveia ou de centeio. Para aqueles que não tem tempo de apanhar os itens, os raminhos já feitos são vendidos no comércio.
A seguir, juntando-se à espiga, os ramos levam ainda a papoula (papoila, em português de Portugal), que simboliza o amor e a vida; a margarida (malmequer, em linguagem local), que representa a riqueza e os bens materiais; a oliveira, de duplo significado, que representa a luz, já que o azeite mantinha os lampiões acesos das casas, e a paz, um símbolo que vem desde a antiguidade.
O ramo é composto ainda pelo alecrim, que representa a força e a resistência, pois é abundante e capaz de crescer em tudo que é tipo de terreno; e , por último, um pedacinho de videira. Há quem acrescente outros itens, para ficar mais bonito, mas esses são os tradicionais.
A tradicional entrada de toiros
Toda a gente saí à rua na Quinta-feira da Ascensão para apreciar a entrada dos toiros pelas ruas da Chamusca, quando o campo invade a vila, um momento de muita emoção que vale a pena ver. É quando campinos e cavaleiros conduzem uma manada de toiros bravos e cabrestos, desde o campo até a praça de toiros.
Nesse dia, as janelas da Rua Direita de S.Pedo, desde o Areal a Paio de Pele, são engalanadas com mantas ribatejanas, com as ruas tomadas por uma multidão de gentes de terra, de aficionados e visitantes. O estouro dos foguetes anuncia a entrada dos touros na vila, um espetáculo que dura poucos minutos mas permanece a vida inteira na memória.
Como se diz na terra da Chamusca, “no Ribatejo, não há festa como esta”. É por tudo isto que a poetisa chamusquense Maria Manuel Cid escreveu:
“E nesse dia do ano
Batia com desatino
Em cada Ribatejano
Um coração de campino”.