A pouco mais de uma hora de Lisboa, há um lugar incrível que vale a pena conhecer: as Grutas de Mira de Aire, consideradas umas das 7 Maravilhas de Portugal.
Para além de sua beleza natural, as maiores grutas do país convidam você a fazer uma espécie de “viagem ao centro da Terra”.
Como extra, ali ao lado você tem um parque aquático e as Casas da Gruta, que são 13 unidades de alojamento tipo “bungalow”, abertas durante todo o ano.
Você pode também aproveitar a visita às grutas e dar uma esticada ao Santuário de Fátima, que fica a pouco mais de 10 km do local.
As Grutas de Mira de Aire se localizam no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, onde você também encontra o Parque Nacional das Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire, também chamado de Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém/Torres Novas.
Visita às grutas
No total, você fica cerca de 1 hora dentro da gruta, com direito à exibição de um filme, fazer o percurso completo acompanhado de um guia e depois subir à superfície. Como a visita é guiada, você pode ter de esperar entre 15 a 20 minutos para entrar.
A visita começa em um pequeno auditório, onde um vídeo é exibido explicando como se formaram as grutas. Os visitantes vão chegando até lotar a sala de projeção (cerca de 50 pessoas). Depois, você é levado para o local onde entraram pela primeira vez os exploradores que descobriram as grutas.
No total, você vai descer 683 degraus, distribuídos entre as inúmeras “salas” e várias plataformas, cada uma com a sua peculiaridade.
No final da visita, você desceu a 130 metros de profundidade. Mas não se preocupe em subir tudo novamente, pois um grande elevador lhe devolverá à superfície.
Ao todo, as Grutas de Mira de Aire têm 11 km de extensão, mas somente 600 metros estão disponíveis à visitação pública.
Os outros espaços são dedicados a estudos espeleológicos e à conservação de produtos naturais portugueses, pois a umidade e a temperatura local, por exemplo, auxiliam na produção de vinho.
Uma visita ao interior das grutas:
Dicas úteis
- Leve calçado confortável. As grutas são úmidas e o piso pode estar molhado e escorregadio.
- A temperatura média da gruta ronda os 17°C. Leve um casaco, pois pode sentir frio.
- É importante acompanhar o grupo e não ficar muito para atrás, pois, à medida que o grupo avança, vão sendo desligadas as luzes do percurso. Isso mesmo, os atrasados vão ficar sozinhos e no escuro.
- Os visitantes não saem no mesmo lugar que entraram. Para voltar à lanchonete, uma linha azul marcada no chão indica o caminho de cerca de 300 metros.
- Não é permitido tocar nas paredes da gruta, somente segurar no corrimão das passarelas.
- Pela grande quantidade de degraus e piso molhado no interior da gruta, a visita não é recomendada para pessoas com dificuldades de locomoção.
- Pessoas com fobias a elevadores e lugares fechados também devem evitar a visitação.
A Descoberta das Grutas de Mira de Aire
As Grutas de Mira de Aire foram descobertas no final dos anos 1940 quando alguns homens, pela primeira vez, tentaram explorar a gruta. Com a ajuda de cordas, eles desceram até uma pequena galeria, onde, a algumas dezenas de metros, encontraram um grande precipício, que se perdia na escuridão da gruta.
Apesar de que a escuridão não lhes permitia ter uma noção exata da dimensão da gruta, a notícia da descoberta chegou até Lisboa, de onde começaram a chegar espeleólogos, que são os especialistas em cavidades naturais subterrâneas.
Foi explorando o fundo dessa galeria e algumas reentrâncias nas paredes que se descobriu o segredo para a continuação da gruta.
No ano de 1949, foi construído um guincho de madeira, o que permitiu que os espeleólogos continuassem descobrindo um percurso de mais de 500 metros, que se denominou de “Galeria Grande”.
Nesse trajeto, é possível observar o “Órgão”, as “Galerias do Polvo”, a “Fonte das Pérolas” e o “Rio Negro”, que dá acesso ao “Areal” no fundo da “Galeria Grande”.
Nos anos 50 e 60, os espeleólogos começaram a passar mais tempo dentro da gruta, acampando no seu interior. Desde então, chegou-se ao “Labirinto”, “Concha”, “Sifão das Areias”, até que descobriram o “Poço Final”, e assim foi elaborado o primeiro levantamento topográfico das Grutas de Mira de Aire.
Para mostrar essa maravilha da natureza ao grande público, foram projetadas e construídas centenas de metros de escadas de madeira e estrados, desde a entrada da gruta até o “Sifão das Areias”.
Em 1974, as grutas foram abertas à visitação pública. Em meados da década, foi constituída uma sociedade para a sua exploração, com o objetivo de rentabilizar e promover turisticamente a gruta.
Em 2007, uma expedição da Sociedade Portuguesa de Espeleologia entrou na Galeria do Rio Negro e aproveitou a redução temporária do nível das águas para acrescentar mais de 1 quilômetro de novas galerias.
Em 2010, as Grutas de Mira de Aire foram eleitas como uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal no âmbito de um concurso promovido pela New 7 Wonders Portugal, onde concorreram na categoria de “Grutas e Cavernas”.
A gruta que está aberta à visitação, chamada de Moinhos Velhos, mais a Gruta da Contenda e a Gruta da Pena, na mesma região, fazem parte de uma grande rede de galerias com mais de 11 quilômetros de extensão.
Nos invernos mais chuvosos, as águas dessa rede de galerias se juntam às águas de outras nascentes e inundam a grande depressão fechada que existe entre as localidades de Mira de Aire e Minde, chamada de Polje Mira-Minde.
Como se formaram as Grutas de Mira de Aire?
A região central de Portugal é rica em calcário, que forma um enorme maciço de 150 milhões de anos, que vai desde a Serra de Aire até a Serra do Candeeiro.
Esse solo de calcário, por causa de sua constituição porosa, não “sustenta” a água da chuva, que escorre toda para o subsolo. É por isso que não existem rios na superfície de toda essa região.
Ao escorrer para dentro da terra, a água vai dissolvendo o calcário do solo. Por isso, começaram a se formar, no caminho das águas, formações geológicas muito singulares, em formato e tamanho, ao longo de milhares de anos.
Em toda a região, os rios correm por debaixo do solo, silenciosos, escavando e esculpindo um maravilhoso complexo de grutas, o que faz com que até hoje as grutas continuem em formação, sendo consideradas ativas. Isso significa que a força das águas, em contato com as pedras porosas de calcário, continua esculpindo e dando forma às rochas, em um processo que continuará por milhares ou até mesmo milhões de anos.
Como todo o solo da região passou pelo mesmo processo de formação geológica, existem outras grutas nas redondezas, esculpidas da mesma forma pela água das chuvas, e que também podem ser visitadas. Uma delas é a Gruta da Moeda.
10 Curiosidades sobre as Grutas de Mira de Aire
#1. As maiores de Portugal
Localizadas no concelho de Porto de Mós, são as maiores grutas do país, totalizando 11.500 metros de extensão. Apenas 600 metros são visitáveis.
#2. Descoberta ao Acaso
Em 1947, quatro habitantes da vila desceram até o seu interior para procurar água. Rapidamente, a notícia se espalhou e os primeiros espeleólogos chegaram pouco tempo depois.
3 – As fases das grutas
É possível visitar duas das três fases das grutas: no topo, a gruta fóssil, e junto ao lago final, a gruta semi ativa. Abaixo do nível freático, a qualquer momento podem surgir novas grutas criadas pela erosão da água.
4 – Uma viagem ao “centro” da Terra
Utilizando 683 degraus, os visitantes descem cerca de 110 metros dos 230 metros de profundidade da gruta.
5 – Espetáculo visual único
A zona de visitação é iluminada por cerca de 3.000 lâmpadas de várias cores.
6 – Quente ou fria?
No interior da gruta, a temperatura se mantém sempre estável ao longo do ano: cerca de 17°C, seja inverno ou verão.
7 – Muito ainda por desvendar
A Galeria Grande, que é a principal galeria da gruta, se estende por mais de 10.000 metros com várias ramificações. Por outro lado, a Sala Grande (ou 1º Poço), possui enormes bancadas de calcário entre 10 e 30 metros de altura.
8 – Os nomes das formações
No interior da gruta, existem muitas formações curiosas, como a “Alforreca”, que é parecida com esse animal, uma espécie de medusa, ou a “Cascata”, que lembra uma cascata petrificada. Mas há também as “Esparguetes”, estalactites muito finas e ocas, batizadas assim pelos visitantes, ou a “Cara da Velha”, uma rocha parecida com uma pessoa idosa.
Outra bela formação de estalactites:
9 – Maravilhas com milhões de anos
É possível encontrar, no interior da gruta, ossos petrificados de animais que viveram no período quaternário, que iniciou há 1,6 milhões de anos.
10 – Muita diversão nas redondezas
Além de um parque aquáticos e um pequeno parque com animais, dá para pernoitar na região em bungalows.
Como chegar
De carro
As Grutas de Mira de Aire ficam na região central de Portugal, no distrito de Leiria. De Lisboa, o acesso se faz pela A1 – Auto estrada do Norte, a principal auto estrada do país. É a mesma que leva até Fátima, por exemplo.
Se você colocar Grutas de Mira de Aire no GPS/Waze, vai encontrar o local sem problemas. De Lisboa até lá, são 115 km de viagem, cerca de 1h10 de caminho.
De ônibus
Os ônibus partem da estação de Sete Rios (metrô Jardim Botânico) com um trajeto estimado de 3h20. Primeiro, é preciso ir até Torres Novas e, de lá, pegar outro ônibus até Mira de Aire.
De Lisboa até Torres Novas, são 1h15m de viagem. O ingresso mais barato custa cerca de 10 euros. Sai um ônibus a cada 3 horas.
De Torras Novas até Mira de Aire, são 39 minutos de ônibus. Há dois ônibus por dia. O bilhete custa entre 3 a 4 euros.
A parada final em Mira de Aire fica a cerca de 1,5 quilômetros da entrada da gruta. Você terá que caminhar ou então pegar um taxi. São 17 minutos de caminhada.
De trem
O trem parte de Santa Apolônia com destino ao Entroncamento. A viagem dura 1h34m a um preço de 8 a 9 euros, dependendo do horário.
Do Entroncamento até as Grutas de Mira de Aire, será preciso pegar um táxi. São cerca de 25 minutos de viagem a um preço entre os 25 a 30 euros. Pode ser mais, dependendo do taxista. Como em Portugal, os táxis do interior não possuem taxímetro, você pode ser enganado. Se achar demasiado, peça para ver a tabela que o taxista carrega com ele.
Dica
Esse é um passeio perfeito para que for viajar de carro por Portugal. As grutas tem estacionamento próprio e grátis.
Recomendamos emendar esse roteiro a uma visita ao Santuário de Fátima (são apenas 17 quilômetros de distância) ao Convento de Cristo e Castelo de Tomar ou o Mosteiro da Batalha. São todos muito bonitos, bem próximos e de grande valor para a cultura portuguesa.
Grutas de Mira de Aire – Horário
Aberto todos os dias
Outubro – março: 9h30m às 17h30m
Abril – maio: 9h30m às 18h00
Junho – setembro: 9h30m às 19h00
Julho – agosto: 9h30m às 19h30
Grutas de Mira de Aire: preço dos ingressos
O ingresso custa cerca de 7 euros por pessoa. Crianças com menos de 11 anos pagam 4,20€ e os menores de 5 anos não pagam nada.
Site: www.grutasmiradaire.com