No alto de um planalto com sete colinas, a cidade de Santarém é um miradouro sobre a região fértil da Lezíria, o vale do rio Tejo conhecido pela arte tauromáquica, pela criação de gado e pela agricultura.
Santarém fez parte das terras da Ordem de Cristo, que deu apoio financeiro às Descobertas dos portugueses, se desenvolvendo muito nessa época, o que se reflete ainda hoje nos seus monumentos. A 117 metros do nível do mar, a cidade possui um interessante centro histórico, com ruas pouco movimentadas, repleto de monumentos góticos, sendo o lugar perfeito para visitar e conhecer a cidade onde Pedro Álvares Cabral passou os seus últimos anos de vida.
A origem de Santarém remonta ao período romano, época em que foi a capital de um dos três distritos onde a Lusitânia fora dividida, denominada por Colonia Scalabis Praesidium Julium.
O nome atual da cidade deriva do milagre de Santa Iria – ou Santa Irene, no tempo do visigodo Recesvinto, que foi um rei do Reino Visigótico de Hispânia entre 649 a 672. A cidade foi conquistada aos árabes em 1147 por Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.
Uma das características da arquitetura civil de Santarém são as grades e as varandas das fachadas do Centro Histórico, que se fazem presentes por muito que sejam estreitas as ruas, chegando mesmo a unirem-se umas às outras.
Para quem deseja conhecer Santarém, recomenda-se iniciar o itinerário a partir da Fonte das Figueiras, uma joia gótica, localizada num vale entre o planalto, onde se erguiam os principais bairros da vila medieval, e a Ribeira.
A seguir, à direita, chegando ao planalto, encontramos a igreja do antigo Convento de Santa Clara, com sua igreja monumental, e as ruínas do Convento de São Francisco, ambos de estilo gótico.
Mais à frente, temos o Jardim da República, em frente ao Mercado Municipal, que se destaca pelos seus azulejos com imagens relativas à região do Ribatejo. Numa das laterais, está situada a Praça do Município, com a Câmara Municipal instalada no Palácio Eugénio Silva (século 17).
O acesso ao Centro Histórico se dá pela famosa Praça Sá da Bandeira, mais conhecida como Largo do Seminário, onde se localiza a monumental igreja de estilo barroco, que funciona atualmente como uma catedral e sede do bispado. No lado oposto, temos a pequena Igreja da Piedade, construída no século 17.
O trajeto continua pela rua Serpa Pinto, com suas muitas varandas de ferro, que desemboca na Praça Visconde do Pilar e no Largo de Marvila, onde se localiza a imponente Igreja de Marvila.
A seguir, vira-se à esquerda pela rua 1º de Dezembro, que logo encontramos a rua Vila de Belmonte, que nos leva diretamente à Igreja da Graça, de estilo gótico, onde está enterrado Pedro Álvares Cabral.
Ao lado da igreja, temos a Casa do Brasil/Casa Pedro Álvares Cabral, onde funciona um consulado honorário do Brasil, além de ser um centro cultural, com exposições, concertos e muitas atividades culturais.
Depois da visita à Igreja da Graça, o percurso continua em direção à Torre das Cabaças, onde está instalado o Museu do Tempo, e que tem uma das melhores vistas panorâmicas de toda a cidade.
Ao lado da Torre das Cabaças, do outro lado da rua, encontramos o monumento de maior valor arqueológico de Santarém, a Igreja de São João de Alporão, cujo interior foi convertido num museu arqueológico.
Seguindo em frente, temos a Avenida 5 de Outubro, que nos leva a Jardim das Portas do Sol, onde estão os últimos restos da muralha que cercava a cidadela.
De regresso ao centro da cidade, recomenda-se visitar a Igreja do Santíssimo Milagre, de igreja-salão renascentista e fachada barroca. Outras igrejas barrocas interessantes de Santarém são a Igreja da Misericórdia e a de São Nicolau.
Um pouco afastado do centro, descendo a Calçada do Monte, encontra-se a Capela de Nossa Senhora do Monte, que vale a pena conhecer.
No verão, na primeira quinzena de junto, realiza-se em Santarém a Feira Nacional da Agricultura, sendo uma época importante para a visita de Santarém. O certame agrícola é conhecido em todo o país pelas suas touradas, largadas de touro e corridas de cavalos.
Para quem aprecia a gastronomia portuguesa, realiza-se anualmente na Casa do Campino o Festival Nacional de Gastronomia, durante 15 dias no mês de outubro.
Fonte das Figueiras
Também conhecida como Fonte Mourisca, é um chafariz gótico do século 13 situado em um vale entre o planalto, onde estavam os principais bairros da vila medieval, e a Ribeira de Santarém.
É uma interessante obra do gótico trecentista e um dos raros exemplos que chegaram até os dias de hoje da arquitetura gótica e de abastecimento de água às populações medievais portuguesas.
O chafariz consta de uma estrutura em alpendre onde estão os brasões das armas reais e do concelho, protegendo uma bica de água que nasce no próprio muro.
Igreja de Santa Clara
A Igreja de Santa Clara é o maior exemplar do gótico mendicante de Santarém, tendo sido edificada em 1259 com o patrocínio do rei D. Afonso III.
A igreja foi alvo de profundas remodelações na primeira metade do século 17, que lhe alteraram a forma e a a volumetria.
No seu interior, pode-se observar as altas colunas góticas decoradas com capiteis lavrados e pinturas a fresco. A iluminação se faz através de uma rosácea e por múltiplas janelas e frestas.
Situada nas proximidades do Convento de S. Francisco, a igreja é a parte remanescente do antigo convento das clarissas, que se estabeleceu no local em 1264. O convento foi encerrado em 1902, no ano que faleceu a última freira.
Em 1906, foram demolidos os edifícios conventuais e os claustros do convento. Do seu patrimônio tumular, no interior da igreja, temos o túmulo gótico de D. Leonor Afonso, filha bastarda do rei fundador e professa clarissa.
Convento de São Francisco
Fundado em 1242 por D. Sancho II, quando os franciscanos se estabeleceram na cidade, o Convento de São Francisco é um dos melhores exemplares do gótico mendicante em Portugal.
A construção seguiu as orientações arquitetônicas do estilo: cabeceira com cinco capelas adjacentes (formando uma planta em cruz, interior amplo de três naves e austeridade decorativa.
No século 14, foi construído um claustro de grandes proporções a mando do rei D. Fernando, que queria ser sepultado no local. Instalado num local privilegiado do planalto escalabitano, foi transformado em quartel do Regimento de Cavalaria de Santarém no ano de 1844.
O convento também inspirou uma das obras mais importantes da literatura portuguesa, Viagens na Minha Terra, de Almeida Garret. Alguns dos momentos mais dramáticos da novela se desenrolam no convento.
Mercado Municipal de Santarém
Inaugurado em 1930, o mercado insere-se na tipologia dos mercados diários cobertos, tendo substituído o mercado ar ar livre que durante séculos sobreviveu na Praça Visconde do Pilar, conhecida como Praça Velha.
Para além de sua arquitetura característica, no seu exterior sobressai um notável conjunto de painéis de azulejos decorativos, que representam os valores paisagísticos, culturais, monumentais e etnográficos da capital do Ribatejo.
O edifício do mercado procura harmonizar uma estrutura interior marcada pelas regras formais e funcionais da arquitetura do ferro com estrutura exterior de alvenaria e de cariz tradicionalista.
Escola Prática de Cavalaria
O edifício da antiga EPC, hoje desativada, se localiza no Largo do Infante Santo, ao lado do Jardim da República, dividindo paredes meias com os claustros do Convento de São Francisco, que chegaram a servir de estrebaria.
Era o local onde se formavam as tropas de cavalaria do exército português e de onde saiu a coluna militar, chefiada pelo então capitão Salgueiro Maia, que destituiu o governo de Marcelo Caetano em 25 de abril de 1974, na chamada Revolução dos Cravos. Atualmente, alberga vários serviços da Câmara Municipal de Santarém.
Praça Marquês Sá da Bandeira
No centro da praça, mais conhecida como Largo do Seminário, está a estátua do Marquês Sá da Bandeira, o fundador da Escola do Exército que hoje é conhecida como Academia Militar. Entrando na praça, onde antes ficava a Porta de Leiria, do lado esquerdo está a Igreja de Nossa Senhora da Piedade.
Do lado direito, a monumental igreja barroca da Sé Catedral de Santarém. Em edifício contíguo, está o Museu Diocesano de Santarém.
A praça passou por uma transformação radical no início desse século, com obras de recuperação do espaço onde a estátua do marquês está colocada. Diz a lenda que, à meia-noite, a estátua muda a perna em que se apoia.
Igreja de Nossa Senhora da Conceição
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Colégio dos Jesuítas – ou Igreja do Seminário -, é um dos mais importantes e formosos monumentos sacros da cidade de Santarém.
Datado do século 17, esse templo jesuíta passou a acolher o Seminário Patriarcal em 1780, com a expulsão dos jesuítas de Portugal, por ordem do Marquês de Pombal. A igreja foi elevada a Sé Catedral em 1975, aquando da criação da Diocese de Santarém.
Construída entre 1672 e 1711, a igreja é uma construção de estrutura e fachada maneirista, que é uma transição entre o renascimento e o barroco. O interior da igreja de uma só nave possui oito capelas laterais, onde a riqueza e o esplendor do barroco deslumbra os visitantes, em nítido contraste com a sobriedade da fachada.
No teto da nave da igreja, pode-se apreciar a iconografia da ascensão de Nossa Senhora, executada em 1754 pelo pintor santareno Luís Gonçalves de Sena.
Numa posição de frente para a capela-mor, ao centro do coro alto, encontra-se o órgão de tubos da Igreja da Sé, de origem britânica, tendo sido construído pelo organeiro inglês James Chapman Bishop, em 1835.
Museu Diocesano de Santarém
Localizado no Paço Episcopal, em edifício contíguo à Sé de Santarém, o Museu Diocesano de Santarém tem em exposição permanente cerca de 150 peças, principalmente arte sacra, de um total de 300 peças que foram reabilitadas a partir de 2005, quando se iniciou o processo de restauro, valorização e inventariação do espólio da diocese.
Com várias salas e espaços de visita, que incluem o corredor nobre do Paço Episcopal e a Sé, o preço do ingresso único custa 4 euros.
Igreja Nossa Senhora da Piedade
Mandada edificar em 1664 pelo rei D. Afonso VI, é uma igreja tipicamente maneirista, em estilo chão pela sua austeridade e sobriedade, apesar de vários elementos que introduzem o estilo barroco.
No local em que a igreja foi erigida, situava-se a Porta de Leiria, uma das entradas mais importantes das muralhas da antiga vila, que foi integrada numa das paredes do templo.
No interior da igreja, destaca-se a capela-mor, ornada por um painel sobre tela setecentista, A Virgem, o Menino e os Anjos. A capela-mor encosta na estrutura da antiga Porta de Leiria, de que ainda subsistem vestígios por detrás do altar-mor.
A igreja foi construída pelo rei para agradecer o Milagre de Nossa Senhora da Piedade, que teria contribuído, segundo a crença popular e religiosa, para a vitória na Batalha do Ameixial, em 8 de junho de 1863, onde o exército português derrotou o exército espanhol, que pretendia dividir o país em dois e alcançar sua capital, Lisboa.
Torre Albarrã do Postigo da Carreira
Na rua Pedro Canavarro, a Torre Albarrã do Postigo da Carreira é um pedaço de muralha que restou das antigas fortificações que cercavam a cidade de Santarém, que tinha três linhas de defesas amuralhadas. Os postigos eram portas secundárias nas muralhas das cidades medievais e o trecho da muralha que ainda hoje é visível ficava junto ao postigo da Carreira, também conhecido como postigo de S. Domingos, por dar acesso ao convento desse nome.
Mouraria
Apesar de não constar nos guias turísticos, o bairro da antiga mouraria da cidade é digno de visita. São ruas e becos de traçado irregular, com construções que refletem a religião e a cultura de um povo então marginalizado, e que hoje em dia estão geralmente ocupadas por moradores de parcas posses, num rico tecido urbano marcado pelo abandono e a falta de políticas públicas que reabilitem aquele bairro do ponto de vista social e construtivo.
No entanto, é um patrimônio cultural que vale a pena conhecer, para apreciar as fachadas das casas e absorver um pouco da atmosfera secular do local. Os muros caiados de branco ocultam pátios interiores, onde sobrevivem pequenas hortas e pomares, lembrança urbana da antiga população árabe.
A toponímia das ruas estreitas e becos de traçado irregular sugerem antigas atividades e utilizações: Travessa dos Surradores, Beco dos Agulheiros ou Largo dos Pasteleiros são alguns exemplos.
As escadinhas de Santo Antônio davam acesso ao bairro árabe, para onde as populações mouriscas foram expulsas depois da conquista da cidade em 1147, e que se localizava já fora das muralhas.
As escadinhas se encontram ao final da rua Serpa Pinto, junto à Praça Visconde Serra do Pilar, que era a praça onde, durante séculos, se realizavam as feiras da cidade.
Outro lugar que é imprescindível conhecer em Santarém é o bar Xantarim, na Travessa da Misericórdia, com as suas arcadas abobadadas e uma cisterna árabe no seu interior.
Igreja de Santa Maria de Marvila
Localizada em pleno centro histórico da cidade, junto à Praça Visconde Serra do Pilar, conhecida antigamente como Praça Nova, onde se localizavam os Paços do Concelho durante a Idade Média. A igreja, que remonta à reconquista cristã, é uma reconstrução empreendida pelo rei D. Manuel I sobre a estrutura gótica pré-existente.
O edifício atual é fruto de várias campanhas reconstrutivas que sofreu ao longo do tempo, representativo do renascimento e do manuelino, um estilo que se desenvolveu durante o reinado de D. Manuel, também chamado de gótico português tardio. O pórtico da igreja representa bem o estilo ligado ao rei que ficou conhecido como Rei Venturoso.
O órgão que se localiza em seu interior foi transladado do extinto convento de Santa Clara no ano de 1902, sendo um instrumento característico da organaria portuguesa, tendo sido construído em 1817. A igreja de Marvila era das mais importantes da antiga vila e teve como designação original a de Santa Maria de Santarém.
A atual designação de Santa Maria de Marvila provém de uma antiga imagem, que desapareceu, da Nossa Senhora das Maravilhas, que gerou o vocábulo Marvila por deturpação popular.
O templo sofreu modificações na metade do século XX onde pretendeu-se recuperar-lhe as feições primitivas, tendo sido retirados os altares barrocos da nave central e capelas laterais.
Não obstante suas grandes dimensões, uma característica do gótico mendicante, a Igreja de Marvila é o mais importante testemunho do manuelino local.
Com mais de 60 mil azulejos em seu interior, a igreja é um pequeno museu da história da arte portuguesa pois abarca características de vários estilos arquitetônicos, desde o gótico até o barroco, passando pelo renascimento, pelo manuelino e pelo maneirismo.
Igreja da Misericórdia
A Igreja da Misericórdia também conhecida como Igreja de Nossa Senhora da Visitação, é uma construção de meados do século 16 (1539), e conta com a assinatura de Miguel Real, então arquiteto da casa real portuguesa e um dos mais importantes à época no país. A primitiva fachada da igreja perdeu-se com o terremoto de 1755, sendo substituída por uma fachada em estilo barroco tardio.
É uma igreja-salão da transição do Renascimento para o Maneirismo, onde se pode observar ainda elementos característicos do Rococó. O templo e o edifício anexo acolheram a sede da Santa Casa da Misericórdia, até à transferência desta para o Convento de Nossa Senhora de Jesus do Sítio.
Esteticamente, a igreja se aproxima de outras igrejas-salão quinhentista, como a Igreja Matriz de Estremoz, a Sé de Portalegre e a Igreja de Santo Antão, em Évora. Foi construída por empenho da rainha D. Catarina, regente pelo seu neto D. Sebastião, de 1559 a 1606.
No interior do templo, conserva-se a sepultura rasa de Nuno Velho Pereira (…-1609), um dos vultos mais significativos da época das navegações portuguesas, capitão da Índia e patrocinador da Santa Casa da Misericórdia.
O órgão de tubos instalado instalado no seu interior, em posição frontal para o altar, é um instrumento representativo da organaria portuguesa, tendo sido construído em 1818 por António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828), um dos maiores organeiros do seu tempo.
Igreja da Graça
Localizada no Largo Pedro Álvares Cabral, a Igreja de Santa Maria da Graça, ou simplesmente Igreja da Graça, é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade de Santarém e um dos mais importantes exemplares da arte gótica em Portugal.
De grandes dimensões, é um belo templo típico do gótico português, com uma rosácea na fachada e uma iluminação feita através de janelas ogivais que transportam o visitante para um espaço que reflete a ideia da época de que “Deus é luz”.
A igreja alberga muitos túmulos importantes da família Meneses – é uma espécie de panteão familiar. No lado direito, como atração especial para o visitante brasileiro, está o túmulo de Pedro Álvares Cabral, em campa rasa, com inscrições gravadas em caráter gótico.
Curiosamente, à data de sua morte, em 1520, a descoberta do Brasil não era um fato assim tão importante. Por isso, Cabral é identificado no túmulo como o marido de Isabel de Castro, uma mulher rica, camareira-mor da Infanta D. Maria, descendente do rei D. Fernando I, e sobrinha de Afonso de Albuquerque, um dos maiores líderes militares de Portugal na época dos Descobrimentos.
À época da chegada ao Brasil, Cabral se chamava Pedro Álvares de Gouveia, vindo a receber o sobrenome de Cabral apenas após a morte do irmão, em 1503. Por tradição, apenas o primogênito podia carregar o sobrenome do pai.
Fruto de um longo período de construção (1380-1420), a igreja representa duas correntes distintas do gótico português: o chamado gótico mendicante, de forte tradição na Vila de Santarém, como o Convento de São Francisco, e o gótico flamejante, em que o Mosteiro da Batalha é o seu maior expoente.
Casa do Brasil/Casa Pedro Álvares Cabral
Edifício setecentista que foi construído sobre as ruínas da suposta casa onde Pedro Álvares Cabral terá passado seus últimos anos de vida. É um importante polo de difusão cultural da cidade, um espaço-memória da relação da cidade com os Descobrimentos e, em particular, com o Brasil. Para além do espaço destinado a exposições, funciona no local um consulado honorário do Brasil.
Torre das Cabaças
A velha Torre do Relógio é uma das construções mais emblemáticas de Santarém, tendo sido, em tempos, a Torre do Relógio do Senado da Câmara. Também conhecida como Cabaceiro, ganhou esse nome da população por causa das sete ou oito cabaças de barro colocadas na estrutura de ferro que suporta o enorme sino de bronze datado de 1604.
Na realidade, é uma Torre Relógio, de que se conhece a introdução em Portugal desde os primórdios do século 15. Foi erguida sobre uma estrutura pré-existente: uma torre do recinto muralhado da Vila medieval ligada à Porta de Alpram ou Alporão. Lá no alto, há um enorme sino de bronze e oito peças cerâmicas em forma de cabaças, que têm a função de provocar a ressonância do som do sino ao bater das horas.
Assim, em meados do século 15, Santarém foi uma das primeiras localidades portuguesas a receber o relógio mecânico, uma importante inovação da época, que surgiu na Itália entre os anos de 1277 e 1300, e que estava sendo instalado nas torres das principais cidades europeias.
Igreja de S. João do Alporão
De arquitetura românica e gótica, a Igreja de S. João do Hospital ou do Alporão, surgiu no âmbito das lutas político-religiosas da Reconquista cristã, tendo sido construída no século 12. Fora do perímetro das antigas muralhas =, o edifício constituiu um ponto nevrálgico da organização urbana da antiga Vila de Santarém.
A igreja se localiza junto à Torre das Cabaças, sendo provavelmente o melhor exemplar da arte românica a sul da região das beiras, tendo sido fundada pela Ordem dos Hospitalários. Alberga atualmente o núcleo de arqueologia do Museu Municipal de Santarém.
A Igreja do Alporão possuía uma torre românica circular que, lado a lado com a Torre das Cabaças, imprimia ao conjunto um caráter militar-defensivo bem na entrada das muralhas da antiga cidadela. A torre da igreja e a Porta do Alporão foram demolidas no último quartel do século 18, por deliberação camarária.
Em 1834, o templo foi adquirido por um particular, que o transformou em um depósito. No século 19, foi transformado em teatro, onde eram representadas as peças românicas da altura. Em 1889, o Alporão foi reaberto ao público como museu distrital, sendo hoje detentor de um valiosíssimo espólio arqueológico e cultural.
Igreja do Milagre
A Igreja de Santo Estevão, também conhecida como Igreja do Santíssimo Milagre, situa-se num dos locais mais antigos da cidade de Santarém. Localizada no centro histórico, a igreja tem origem medieval, primitivamente gótica, mas que hoje tem uma configuração renascentista, resultado de uma reconstrução quinhentista por causa do terremoto de 1531.
Monumento Nacional desde 1997, a igreja foi sagrada em 1241, sendo inicialmente denominada de Igreja de Santo Estêvão, dedicada ao primeiro mártir do Cristianismo. Depois de sua reconstrução, a igreja resultou em templo renascentista por excelência, apesar dos vários elementos característicos do maneirismo e do barroco.
A história da igreja está intimamente relacionada com a Lenda do Milagre de Santarém, ocorrido em meados do século 13. Os visitantes podem conhecer a relíquia do referido milagre, objeto de grande veneração popular, que permanece em exposição na igreja.
Segundo a lenda, uma mulher terá roubado uma hóstia consagrada durante a sagrada comunhão com o objetivo de utilizá-la em práticas de bruxaria.
No entanto, a hóstia começou a sangrar durante a fuga e, depois de escondida, inundou de luz a casa da pecadora, revelando a presença da hóstia na habitação e levando a pecadora ao arrependimento.
A hóstia milagrosa permanece guardada na igreja até os dias de hoje, numa custódia de prata, tendo sido retirada da cidade somente no curto período das Invasões Francesas.
Capela da Nossa Senhora do Monte
Situada na zona extra-muros da cidade de Santarém, em São Salvador, a Capela de Nossa Senhora do Monte é um pequeno templo gótico datado do século 12. A capela esteve integrada no antigo hospital de leprosos, que se manteve instalado no local até o século 17.
Portas do Sol
O famoso miradouro também é um bom ponto de partida para começar a visita a Santarém. É a fortaleza do antigo castelo que D. Afonso Henriques, primeiro rei português, tomou de surpresa aos árabes, numa escalada noturna no ano de 1147. Pouco resta das imponentes fortificações de outrora. A alcáçova do castelo, que assenta sobre muralhas, tem ainda três torreões.
Além da Porta do Sol, que hoje é uma varanda panorâmica, temos uma outra porta que dava para o Alfange, bairro ribeirinho da cidade. Os vestígios do que foi um dos mais importantes castelos medievais portugueses se completam com alguns lanços de muros e um troço da Porta de Santiago. Ajardinada em 1896, as Portas do Sol são hoje o cartão postal de Santarém.
Ainda no espaço das Portas do Sol, se encontra o Centro de Interpretação UrbiSacallabis, um espaço museológico onde estão expostos, em vitrines, achados arqueológicos da antiga Alcáçova e arredores. O local possui ainda uma componente multimídia em que os visitantes podem conhecer os diferentes períodos cronológicos de Santarém, desde a pré-história até os dias de hoje.
Como chegar a Santarém
A melhor maneira de chegar a Santarém é de trem, a partir da estação de Santa Apolônia, em Lisboa. A viagem dura pouco mais de 1 hora e o bilhete custa entre 5 e 8 euros.
Se estiver de carro, pegue a A-1, a Autoestrada do Norte, que são 82 km de trajeto, com um custo aproximado em combustível entre os 15 e os 22 euros.