Os 8 pratos mais “estranhos” da culinária portuguesa

Em primeiro lugar importa referir que, quando falamos em pratos “estranhos” da cozinha portuguesa, referimo-nos a um sentido mais literal da palavra, na medida em que estranho significa estranho ou diferente, tendo em conta os hábitos de outras pessoas no mundo.

Além disso, o fato destes pratos não serem familiares a algumas culturas não significa que não sejam saborosos, muito pelo contrário. Se eles são tão populares e apreciados, é por algum motivo.

Além disso pensamos que quando se visita outro país, parte da descoberta é também vivenciar o que há de mais típico e isso inclui a gastronomia.

Dito isto, apresentamos a nossa seleção das oito comidas mais estranhas da culinária portuguesa:

1. Caracóis

Os caracóis são um prato muito popular na culinária portuguesa, especialmente durante os meses de verão. Eles são considerados uma iguaria local e uma das comidas de rua mais comuns em Portugal.

A história do consumo de caracóis em Portugal remonta a tempos antigos, quando os romanos e os mouros introduziram o consumo de caracóis na península ibérica. Os portugueses posteriormente adotaram a iguaria e desenvolveram suas próprias formas de prepará-los.

Os ingredientes para o prato de caracóis geralmente incluem caracóis frescos, água, azeite, cebola, alho, tomate, coentro, louro, pimenta, sal e outros temperos a gosto.

Os caracóis são cozidos em água fervente com ervas e especiarias por várias horas até que estejam macios e tenham absorvido o sabor dos temperos.

O prato é geralmente servido em pequenas tigelas, acompanhado de uma cerveja ou um copo de vinho. Para comer, os caracóis são retirados de suas conchas com um pequeno garfo ou palito e mergulhados em um molho de azeite e ervas.

O prato é geralmente consumido como uma entrada ou como um petisco em bares e restaurantes.

Embora os caracóis sejam um prato tradicionalmente português, eles também são muito populares em outros países europeus, como França, Espanha e Itália, bem como em outras partes do mundo.

2. Tripas à Moda do Porto

As tripas à moda do Porto são um prato tradicional da culinária portuguesa, originário da cidade do Porto.

A história da sua criação remonta ao século 15, quando os moradores da cidade do Porto decidiram doar as carnes mais nobres para a tripulação das caravelas portuguesas que se encontravam em viagem de descoberta marítima.

Como resultado, a população local acabou tendo que se contentar com as tripas e vísceras dos animais para suas próprias refeições.

Os ingredientes principais para as tripas à moda do Porto incluem tripas (de preferência de porco), feijão branco, vários tipos de carnes (como chouriço, morcela, linguiça, carne de porco, vitela, frango, bacon), legumes (como cenouras, cebolas, tomates, batatas e pimentões), especiarias (como pimenta, cominho e louro) e vinho branco.

Para preparar o prato, as tripas são cozidas por um longo tempo em água para amolecer e remover qualquer impureza.

Em seguida, as carnes são adicionadas e refogadas com legumes e especiarias, cozinhando em fogo baixo até ficar macias e suculentas.

O feijão branco é adicionado no final do cozimento para dar um toque extra de sabor e textura ao prato.

As tripas à moda do Porto são servidas quentes, geralmente acompanhadas com arroz branco e vinho tinto.

É um prato muito popular na região norte de Portugal e é frequentemente servido em ocasiões festivas e encontros familiares.

As tripas à moda do Porto também são consideradas um símbolo da cidade do Porto e são frequentemente mencionadas em sua cultura e história, sendo um prato muito apreciado pelos portuenses.

Embora os ingredientes não pareçam tão atrativos aos olhos de alguns, o prato foi finalista no concurso 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa.

3. Arroz de Cabidela

O arroz de cabidela é um prato tradicional da culinária portuguesa, originário da região norte do país. Ele é feito com frango e arroz, cozidos com o próprio sangue do frango, o que lhe dá a sua cor característica.

A história do prato remonta aos tempos antigos, quando os fazendeiros matavam o frango e aproveitavam todo o animal, incluindo o sangue, que era usado para cozinhar o arroz.

A palavra “cabidela” deriva do latim “capietella”, que significa “cabeça pequena”, uma referência ao tamanho das aves utilizadas para fazer o prato.

Os ingredientes para o arroz de cabidela incluem frango (de preferência caipira), arroz, cebola, alho, louro, pimentão, vinagre, azeite, sal e pimenta.

O sangue do frango é misturado com vinagre e temperos, para evitar que coagule, e é adicionado ao caldo de cozimento do frango, para dar cor e sabor ao arroz.

Para preparar o prato, o frango é cozido com os temperos até ficar macio e suculento. Em seguida, o sangue do frango é adicionado ao caldo e misturado com o arroz, que é cozido no caldo até ficar bem solto e com uma cor castanha escura característica.

O arroz de cabidela é geralmente servido quente, acompanhado de uma salada verde e um vinho tinto. É um prato muito popular na região norte de Portugal, especialmente na cidade do Porto, e é frequentemente servido em ocasiões festivas e encontros familiares.

4. Arroz de Sarrabulho

O arroz de sarrabulho é um prato típico da região norte de Portugal, especialmente da região do Minho, e é feito com sangue de porco, miúdos e arroz. A origem deste prato remonta ao tempo em que as pessoas aproveitavam todas as partes do porco na cozinha.

Os ingredientes principais para fazer o arroz de sarrabulho são os miúdos (como fígado, coração e pulmões), sangue de porco, cebola, alho, louro, azeite, vinho tinto, pimenta, cominhos, colorau, sal e arroz.

Para preparar o prato, primeiro os miúdos são cozidos em água temperada com sal e louro até ficarem macios. Em seguida, são retirados da panela e picados em pedaços pequenos.

O sangue do porco é misturado com vinagre e temperos, como pimenta e cominhos, para evitar que coagule. Depois, é adicionado aos miúdos cozidos, juntamente com o vinho tinto e o colorau, para dar uma cor avermelhada ao prato. Tudo é cozido até obter uma mistura homogênea e cremosa.

Por fim, o arroz é adicionado ao caldo e cozido até ficar macio e absorver todo o sabor do sarrabulho. O arroz de sarrabulho é geralmente servido quente, acompanhado de broa de milho e vinho tinto.

Apesar de ser um prato bastante pesado, é muito apreciado na região norte de Portugal, especialmente em festas e ocasiões especiais.

É um prato que faz parte da tradição culinária portuguesa e representa a valorização dos produtos locais e o aproveitamento integral dos alimentos.

5. Morcela

A morcela é um tipo de enchido muito popular na culinária portuguesa, especialmente na região norte do país. É feita a partir de sangue de porco coagulado e misturado com uma variedade de ingredientes, como cebola, alho, sal, pimenta, cominhos e outros temperos.

A origem da morcela remonta à Idade Média, quando os produtos derivados do porco eram uma parte importante da alimentação. A morcela era uma maneira de aproveitar todo o animal, incluindo o sangue, que era misturado com outros ingredientes e cozido em tripas de porco.

Existem várias variações de morcela em Portugal, incluindo a morcela de arroz, que contém arroz na mistura, e a morcela de farinha, que contém farinha de milho ou trigo. Algumas receitas também incluem carne de porco picada, como toucinho ou carne de presunto, para dar mais sabor e textura ao enchido.

A morcela pode ser consumida de várias formas, mas geralmente é cozida em água ou frita na frigideira. É um ingrediente versátil na cozinha portuguesa, sendo usado em diversos pratos, como cozidos, feijoadas e arroz de morcela.

Além de ser um alimento saboroso e nutritivo, a morcela é um exemplo da cultura alimentar de Portugal e da utilização de ingredientes locais para criar pratos tradicionais e autênticos.

6. Enguias

As enguias são um ingrediente bastante apreciado na culinária portuguesa, especialmente na região do Ribatejo, onde são capturadas no rio Tejo. Elas são um tipo de peixe de água doce que tem um sabor distintivo e uma textura macia.

A captura e o consumo de enguias remontam à época romana em Portugal. Desde então, elas têm sido uma importante fonte de alimento para muitas comunidades costeiras e fluviais. As enguias são geralmente cozidas ou fritas e servidas com acompanhamentos como batatas cozidas ou salada.

Uma das receitas mais famosas de enguias em Portugal é a Caldeirada de Enguias, um ensopado de enguias com batatas, tomates, cebolas, pimentos e outros ingredientes, temperado com azeite e ervas aromáticas.

Outra preparação popular é a Enguia Frita, onde as enguias são empanadas em farinha e fritas até ficarem crocantes.

Apesar de serem um ingrediente bastante versátil na cozinha portuguesa, as enguias também são um produto controverso devido às práticas de captura.

A população de enguias tem diminuído drasticamente nos últimos anos, devido à sobrepesca e à degradação do habitat natural do peixe.

7. Courato

O courato é um ingrediente popular na culinária portuguesa, especialmente na região do Alentejo. É feito a partir da pele de porco, geralmente a camada mais grossa e gordurosa.

É um ingrediente rico em proteínas e gorduras e pode ser encontrado em diversas receitas tradicionais portuguesas.

A história do courato remonta à época medieval em Portugal, quando a carne de porco era uma fonte importante de proteína para a população.

Naquela época, o courato era frequentemente utilizado como ingrediente para tornar outros alimentos mais substanciais e prolongar o tempo de conservação.

Hoje em dia, o courato é frequentemente utilizado em receitas como a dobrada com courato, que é uma espécie de ensopado feito com tripas de porco, legumes e courato.

Ele também pode ser utilizado em pratos como o cozido à portuguesa, que é um ensopado de carne de porco e legumes, onde o courato é adicionado para dar sabor e textura.

O courato pode ser preparado de várias maneiras, como grelhado ou frito. Quando frito, o courato torna-se crocante e pode ser utilizado como aperitivo ou acompanhamento de outros pratos.

O prato também pode ser utilizado em sanduíches, como o famoso sanduíche de courato com queijo, muito popular em Portugal.

Em suma, o courato é um ingrediente bastante versátil e saboroso da culinária portuguesa, que tem uma longa história como parte da alimentação do país.

8. Caneja de Infundice

A Caneja de Infundice é um prato típico da Ericeira, que é preparado com o peixe caneja (também conhecido como cação da lixa ou cação da areia) que é deixado a amadurecer por cerca de 15 dias antes de ser preparado.

Durante esse período de maturação, o peixe é mantido em local fresco e seco, sem qualquer tipo de conservação, o que resulta em um sabor e aroma bastante forte e característico.

O processo de maturação da caneja é bastante peculiar, já que é feito de forma natural, sem aditivos ou conservantes.

O cheiro forte que a aaneja adquire durante esse período é devido ao fato de que a carne começa a fermentar, gerando amoníaco e outros compostos que podem ser considerados desagradáveis por algumas pessoas.

Apesar do cheiro forte, a caneja é considerada uma iguaria na culinária portuguesa e é bastante valorizada pelos apreciadores de peixe. O prato é geralmente preparado de forma simples, com a carne do peixe cozida em água e sal e servida com batatas e legumes, como couve.

É difícil encontrar um restaurante que sirva o prato por causa do preço, do tempo de preparo e principalmente do odor que exala, que muitos descrevem como cheiro de urina.

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