1 dia em Castelo Novo, uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal

Situada na região do Fundão, conhecida como produtora da melhor cereja de Portugal, encontra-se a encantadora vila de Castelo Novo. Esta localidade, inserida no distrito de Castelo Branco, é um dos destacados membros do clube das “12 Aldeias Históricas de Portugal“. Esse programa, estabelecido pelo governo português em 1991, tem como objetivo revitalizar e enaltecer um conjunto de aldeias na região da Beira Interior que possuem uma história que remonta a tempos mais antigos do que a própria nação.

Apesar do seu nome, Castelo Novo não é “novo” de forma alguma. De fato, esta vila carrega consigo mais de 800 anos de história fascinante. As suas raízes estão ligadas à Ordem dos Templários, o que moldou a sua arquitetura de forma profundamente medieval. No entanto, ao visitar Castelo Novo, é possível admirar edificações que representam os estilos arquitetônicos manuelino e barroco, refletindo as diferentes fases de desenvolvimento ao longo dos séculos.

As origens templárias conferem à vila uma aura misteriosa e cativante, à medida que se caminha por suas ruelas estreitas. Os vestígios desses períodos históricos misturam-se harmoniosamente, criando uma atmosfera única onde as pedras antigas contam as histórias de gerações passadas. Ao passear por Castelo Novo, os visitantes podem mergulhar na riqueza cultural que se acumulou ao longo de tantos anos e apreciar a arquitetura que representa diversos momentos da história de Portugal.

Através do reconhecimento como uma das “12 Aldeias Históricas de Portugal”, Castelo Novo preserva não apenas seu patrimônio, mas também oferece aos visitantes a oportunidade de viajar no tempo e explorar a herança fascinante que moldou essa vila ao longo dos séculos.

Breve história de Castelo Novo

Castelo Novo teve suas origens nos extensos territórios doados pelos monarcas portugueses à Ordem dos Templários e posteriormente à Ordem de Cristo. Essas doações tinham o propósito de promover e assegurar a posse das áreas conquistadas aos muçulmanos no século 13, na região da Beira.

Durante o reinado de D. Manuel I, no século 16, a vila recebeu um foral, evidenciando a participação significativa desse monarca no patrimônio arquitetônico da antiga vila. A estrutura de ocupação do espaço é tipicamente medieval, com intervenções notáveis nos períodos manuelino (século 16) e barroco (século 18). Exemplos marcantes incluem o notável conjunto arquitetônico do Largo do Pelourinho: a Casa da Câmara e Cadeia e o Pelourinho, da época manuelina; e o Chafariz D. João V, do período barroco.

O castelo, situado a uma altitude de 650 metros, serve como um ponto proeminente de organização da vila. A povoação estendeu-se ao longo das encostas da Serra da Gardunha, sem muralhas defensivas, mas beneficiando da estrutura fortificada estabelecida pelos Cavaleiros Templários.

A antiga vila está assim localizada dentro de um perímetro circular, com a área construída expandindo-se para o Sul, Leste e Oeste. A estrutura urbana apresenta uma aparência labiríntica. Quarteirões irregulares de dimensões e formas variadas, ruas com vistas limitadas que seguem trajetos sinuosos, vielas estreitas que cortam caminhos, escadarias públicas superando diferenças de altura, e inúmeros recantos e desvios resultantes do desafiador alinhamento das fachadas são características compartilhadas com outros espaços urbanos medievais.

Dentro do ambiente construído de Castelo Novo, predominam as edificações residenciais. As casas tradicionais, construídas em granito sem reboco, exibem um layout retangular com dois pisos. O térreo serve como uma loja, enquanto o piso superior abriga os aposentos. O acesso é feito a partir do exterior por meio de escadarias que levam a patamares simples ou varandas de lajes.

Exceções nesse cenário urbano incluem edifícios públicos e religiosos, bem como as casas de proprietários mais abastados. Estes se destacam devido aos materiais utilizados, ao design arquitetônico e aos investimentos decorativos.

Exemplos disso podem ser encontrados no Largo da Bica, como as Casas Falcão, Correia Sampaio e D. Luís J. Correia, construídas nos séculos 17, 18 e 19/20, respectivamente. Outros pontos de referência arquitetônica estão espalhados por toda Castelo Novo, incluindo a Casa da Cerca, presumivelmente do século 16, a Casa na Rua de Nossa Sra. das Graças, do século 17, e o Solar da Família Gamboa, datado do século 18.

No âmbito da arquitetura religiosa, destacam-se a Capela de Santo António, a Igreja da Misericórdia e a Igreja Matriz, com datas de construção atribuídas aos séculos 16, 17 e 18, respectivamente. Além de estruturas mais proeminentes como o castelo ou a Casa da Câmara e Cadeia, as fontes da aldeia também se destacam, uma delas inclusive emprestando seu nome a uma praça.

Visitando Castelo Novo

Se quiser, você pode fazer como nós e visitar Castelo Novo no mesmo dia em que visitar Idanha-a-Velha e Monsanto, já que ficam bem perto (a 46 km e 47 km, respectivamente). No entanto, tenha em mente que Castelo Novo é uma vila, não uma aldeia, o que significa que tem muito mais pontos de interesse!

Na verdade, algumas das 12 Aldeias Históricas de Portugal podem ser visitadas em uma manhã ou tarde, como é o caso de Castelo Mendo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Piódão ou Sortelha. Quanto às outras, vai depender do número de monumentos que você queira incluir no seu roteiro.

Como Almeida, Belmonte, Castelo Novo, Castelo Rodrigo e Monsanto são vilas, é provável que você precise de um dia (ou até dois) para conhecê-las de ponta a ponta. O mesmo vale para Trancoso, que é uma cidade. A propósito, aqui está a lista das 12 Aldeias Históricas de Portugal:

  1. Almeida, no distrito da Guarda
  2. Belmonte, no distrito de Castelo Branco
  3. Castelo Mendo, no distrito da Guarda
  4. Castelo Novo, no distrito de Castelo Branco
  5. Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda
  6. Idanha-a-Velha, no distrito de Castelo Branco
  7. Linhares da Beira (ou simplesmente Linhares), no distrito da Guarda
  8. Marialva, no distrito da Guarda
  9. Monsanto, no distrito de Castelo Branco
  10. Piódão, no distrito de Coimbra
  11. Sortelha, no distrito da Guarda
  12. Trancoso, no distrito da Guarda

Roteiro de Castelo Novo

Castelo de Castelo Novo

O castelo de Castelo Novo, inquestionavelmente, se destaca como o monumento mais proeminente nessa aldeia histórica. Além de emprestar seu nome à vila, a fortificação domina a paisagem e pode ser avistada de qualquer ponto em Castelo Novo, erguendo-se a uma altitude de 650 metros.

A história do castelo revela uma sequência de transformações ao longo do tempo, passando por destruições e reconstruções em diferentes momentos de sua ocupação. O primeiro alcaide dessa fortaleza militar foi D. Pedro Guterres, cujo papel marcou o início de uma longa história.

Das ruínas remanescentes do castelo de Castelo Novo, ainda é possível discernir algumas estruturas que carregam consigo a história desse lugar:

  1. Muralha Sul: reconstruída na segunda metade do século 15, durante o reinado de D. João I, essa muralha testemunha a evolução da arquitetura defensiva. Sua presença sólida e imponente serve como testemunho da importância estratégica do castelo.
  2. Muralha e Entrada Leste: estas estruturas remontam ao século 13, tendo sido subsequentemente renovadas nos séculos 14 e 15. A entrada leste, uma vez um portal de acesso, evoca o movimento e a vida que fluíram através dela ao longo dos séculos.
  3. Torre do Relógio: construída na segunda metade do século 15, a Torre do Relógio tinha uma função importante como um ponto de observação e vigilância. Essa torre não apenas marcava o tempo, mas também servia como um farol de alerta para qualquer atividade suspeita nas redondezas.
  4. Torre de Menagem: com sua planta quadrangular, a Torre de Menagem é uma relíquia que se ergue no centro do complexo. Sua construção original data dos anos 1202-05 e, ao longo dos séculos, passou por adaptações e modificações significativas. Com o tempo, ela não apenas serviu como uma fortaleza, mas também se transformou no Paço do Comendador, testemunhando mudanças nas funções e usos do castelo ao longo da história.

O castelo de Castelo Novo, com suas paredes que guardam tantas histórias, representa mais do que apenas uma estrutura arquitetônica. Ele é um elo vívido com o passado, oferecendo uma janela para as mudanças culturais, sociais e políticas que moldaram a trajetória dessa aldeia histórica ao longo dos séculos. Cada pedra e cada ruína contam uma história, convidando os visitantes a conhecer e compreender o rico patrimônio que esse castelo e essa aldeia têm a oferecer.

Igreja de Nossa Senhora da Graça

A Igreja de Nossa Senhora da Graça, também conhecida como Igreja Matriz de Castelo Novo, desempenha um papel significativo no cenário religioso e arquitetônico da região. Sua presença marcante pode ser avistada claramente a partir da imponente Torre de Menagem do castelo, formando um elo visual entre o passado e o presente.

Construída ao longo dos anos 1730, esta igreja foi erguida sobre as fundações de um antigo templo católico do século 13, o que lhe confere uma profundidade histórica notável.

A arquitetura da Igreja de Nossa Senhora da Graça destaca-se por seu estilo rococó, uma tendência estilística em voga na época de sua construção. Esse estilo é evidente em cada detalhe da igreja, desde os elementos decorativos até a disposição dos espaços internos.

A igreja é composta por uma única nave, realçada por um coro alto, que oferece um espaço de devoção e congregação. Além disso, duas capelas laterais e dois altares colaterais enriquecem o interior, fornecendo nichos para a contemplação e reflexão dos fiéis.

A atenção meticulosa dada à decoração interior é evidente nos retábulos presentes na igreja. Essas estruturas ornamentais, que são distintivas do estilo rococó, são marcadas por linhas sinuosas, elementos florais e uma ênfase na elegância e na expressividade.

O altar-mor, especialmente, se destaca como uma peça central, ostentando uma elaborada talha dourada que cativa o olhar e inspira uma sensação de reverência.

A Igreja de Nossa Senhora da Graça não é apenas um edifício religioso, mas também uma obra-prima arquitetônica que incorpora a estética e as sensibilidades artísticas da época. Ela expressa a fusão entre a devoção religiosa e a expressão artística, criando um ambiente que convida os visitantes a mergulhar na história, na fé e na beleza intrínseca do lugar.

Ao explorar cada detalhe da igreja, desde suas características arquitetônicas até seus adornos dourados, os visitantes têm a oportunidade de vivenciar a ligação entre o divino e o humano, encapsulada de maneira tão notável nesta joia arquitetônica de Castelo Novo.

Antiga Casa da Câmara & Chafariz D. João V

A Antiga Casa da Câmara, também conhecida como Antigos Paços do Concelho, ocupa uma posição central na praça de mesmo nome, situada logo abaixo das imponentes muralhas de Castelo Novo. Essa praça há muitos séculos foi o núcleo cívico do lugar, desempenhando um papel crucial na vida da comunidade.

Erigida no estilo românico por volta de 1290, durante o reinado de D. Dinis, a Antiga Casa da Câmara revela-se como um testemunho arquitetônico de tempos passados. Sua estrutura multifuncional se destaca: o rés-do-chão servia como espaço para a cadeia, enquanto o primeiro andar abrigava a câmara municipal.

Ao longo dos anos, o edifício passou por modificações significativas durante o reinado de D. Manuel I. Nesse período, ele foi agraciado com símbolos distintivos que celebravam tanto a história quanto a autoridade real. A Cruz da Ordem de Cristo, a Esfera Armilar e as Armas Reais foram acrescentadas à estrutura, proporcionando uma conexão visível entre o edifício e a coroa.

Após o ano de 1835, quando o concelho de Castelo Novo foi extinto, a função do edifício sofreu uma nova metamorfose. Ele foi adaptado para abrigar uma escola e, posteriormente, transformado no atual Núcleo Museológico. Ao longo dos anos, essa estrutura abrigou diferentes propósitos, refletindo as mudanças nas necessidades da comunidade e o esforço de preservar a história local.

Chafariz D. João V

O Chafariz D. João V, por sua vez, é um monumento que carrega em seu nome a memória do monarca que o ordenou e exibe orgulhosamente o brasão real na parte superior. Encaixado no centro da fachada principal da Antiga Casa da Câmara, esse chafariz é uma obra de arte que mescla utilidade e beleza. Suas três faces ostentam decorações intricadas, desenhadas com riqueza de detalhes, de onde jorra a água que sempre foi uma preciosidade para a comunidade.

Assim, a Antiga Casa da Câmara e o Chafariz D. João V não são apenas elementos arquitetônicos, mas testemunhas silenciosas do passado, conectando o presente com as histórias e transformações que moldaram Castelo Novo ao longo dos séculos. Cada detalhe, cada adorno e cada símbolo carrega consigo a essência da comunidade e a passagem do tempo, oferecendo aos visitantes a oportunidade de se imergir na história viva desse local encantador.

Pelourinho

O Pelourinho de Castelo Novo ocupa uma posição central na Praça dos Paços do Concelho e remonta ao século 16, período em que a vila foi agraciada com uma nova carta de foral pelo rei D. Manuel I.

Este monumento é notável não apenas por sua função histórica, mas também pela rica ornamentação que reflete as características do estilo manuelino. Esse estilo é evidente nos detalhes decorativos, como os elementos vegetalistas intrincados e as insígnias reais que adornam a estrutura.

Um detalhe que merece destaque é a base do pelourinho, feita de granito, que repousa sobre uma escadaria octogonal composta por cinco degraus. Esse design não apenas contribui para a estabilidade do monumento, mas também adiciona um toque estético notável. Além disso, o remate do pelourinho é uma característica notável, sendo conhecido como um “pelourinho de pinha”.

É intrigante observar que tanto o número de degraus quanto o estilo de capitel diferenciam o Pelourinho de Castelo Novo de outros monumentos semelhantes. Esse caráter singular faz deste pelourinho um exemplar único entre as Aldeias Históricas de Portugal.

Em sua presença, o Pelourinho de Castelo Novo nos transporta para uma era passada, evocando a importância histórica e cívica da vila. Ele é mais do que uma simples peça arquitetônica, é um símbolo vivo do passado, que continua a contar histórias e a testemunhar a evolução ao longo do tempo. Ao admirar essa estrutura, temos a oportunidade de conectar com a história presente em cada detalhe dessa joia patrimonial.

Capela do Senhor da Misericórdia

A Capela do Senhor da Misericórdia, também conhecida como Igreja da Misericórdia, se destaca como um entre os diversos templos católicos que pontuam Castelo Novo, testemunhando a devoção arraigada da população desde tempos medievais.

Segundo a tradição, a edificação desta capela foi motivada pelo Senhor da Misericórdia, cujo nome reverbera em sua construção, após a suposta intervenção divina que pôs fim a uma devastadora praga de gafanhotos que assolava as plantações agrícolas da região. Essa lenda, permeada de fé e realismo fantástico, adiciona uma camada de significado a essa capela.

Datando da segunda metade do século 17, a capela exibe características arquitetônicas distintas do maneirismo e do rococó, estilos que marcaram o período de sua construção. A presença desses elementos arquitetônicos não apenas ilustra o estilo artístico da época, mas também ressalta a importância da capela como um centro espiritual e cultural da comunidade.

Hoje em dia, Castelo Novo continua a nutrir a devoção ao Senhor da Misericórdia através da celebração da Festa em Louvor do Senhor da Misericórdia, um evento que ocorre anualmente no primeiro fim de semana de setembro. Esse acontecimento é mais do que uma simples celebração religiosa; ele se tornou uma tradição enraizada na vida da comunidade, servindo como um ponto de encontro para as pessoas expressarem sua fé, se conectarem com a história e fortalecerem os laços sociais.

A Capela do Senhor da Misericórdia, portanto, transcende sua função arquitetônica inicial. Ela evoca a fé e a devoção do passado, enquanto continua a ser um farol espiritual e cultural no presente. Através de suas paredes e histórias, ela não apenas preserva o passado, mas também se torna um componente vital na história viva de Castelo Novo, enriquecendo a experiência dos visitantes e moradores locais.

Chafariz da Bica

O Chafariz da Bica compartilha algumas características notáveis com o Chafariz D. João V, anteriormente mencionado neste roteiro.

Em primeiro lugar, ambos foram erigidos no início do século 18, sob os auspícios de D. João V. Essa ligação histórica sublinha a influência do monarca na criação dessas estruturas essenciais para o abastecimento de água e o bem-estar da comunidade.

Além disso, o Chafariz da Bica reflete claramente as influências do estilo conhecido como barroco joanino. Essa estética barroca é evidente na presença de relevos proeminentes, nos quais se destaca o brasão do rei português. Esses ornamentos não apenas conferem uma beleza estética ao chafariz, mas também testemunham a dedicação artística da época e a devoção do monarca à sua realização.

O Chafariz da Bica, situado no cenário mediebval do Largo da Bica, é uma das estruturas que merecem atenção especial por parte dos visitantes. Dentro deste quadrante histórico, encontramos outras construções de valor, como a Casa Paroquial, a Casa de D. Luís de José Correia, assim como o Posto de Turismo de Castelo Novo. Cada uma dessas edificações acrescenta uma camada à rica tapeçaria histórica e cultural deste local encantador.

Assim, o Chafariz da Bica não é apenas um monumento funcional, mas também uma obra de arte que reflete as tendências estilísticas da época e as aspirações estéticas da comunidade. Sua presença, juntamente com as demais estruturas no Largo da Bica, cria uma atmosfera que convida os visitantes a aprender e apreciar a história e o legado de Castelo Novo.

Solar da Família Correia de Sampaio

Além das igrejas e capelas, Castelo Novo se destaca como um local que abriga elegantes residências senhoriais, testemunhos do poder e influência que a vila ostentou em tempos passados. Do Solar da Família Correia de Sampaio à Casa de D. Luís de José Correia, passando pelo Solar dos Gamboas e a Casa da Família Falcão, essas edificações ressoam com a história rica e variada do local.

O Solar da Família Correia de Sampaio é também conhecido como Quinta do Ouriço, uma refinada unidade hoteleira aninhada no coração da Serra da Gardunha. Os vestígios do edifício original, datado do século 18, persistem para encantar os observadores contemporâneos.

Na fachada principal, o brasão distintivo da Família Correia de Sampaio permanece como um elo direto com o passado, um símbolo que evoca sua influência e proeminência na sociedade da época.

A capela privativa, outrora utilizada pela família, confere uma dimensão espiritual à propriedade, lembrando-nos de que essas residências senhoriais eram não apenas símbolos de status, mas também centros de vida e culto. A arquitetura e a localização dessas residências refletem as tendências estilísticas e as aspirações sociais da época em que foram construídas.

Ao explorar os detalhes ornamentais e as histórias por trás de cada uma delas, os visitantes podem sentir-se transportados para um passado de grandeza e elegância. Essas estruturas não são apenas testemunhas do passado, mas também enriquecem o presente, proporcionando uma visão vívida do que já foi e do que ainda é.

Assim, as residências senhoriais de Castelo Novo são muito mais do que meros edifícios; elas são monumentos que preservam a memória e a herança dessa vila histórica. Elas nos convidam a contemplar a história não apenas como um registro distante, mas como uma narrativa contínua que se entrelaça com o presente, inspirando admiração e reverência por um legado que se mantém vivo através dos tempos.

Capela de Santa Ana

A Capela de Santa Ana é um marco construído durante os séculos 17 e 18, um destacado exemplar da arquitetura vernacular. Esta forma de arquitetura se caracteriza por utilizar materiais locais e não depender de arquitetos profissionais, refletindo assim a autenticidade e o estilo peculiar da região.

A simplicidade é uma marca da Capela de Santa Ana, tanto em seus elementos decorativos quanto na própria estrutura. Isso é compreensível, pois o templo católico se encontra em uma posição mais afastada do núcleo central da vila. No entanto, essa modéstia não diminui o valor e o significado da capela, que permanece como um testemunho da devoção local e do engenho artesanal empregado na sua construção.

Dedicada a Santa Ana, a avó de Jesus e mãe da Virgem Maria, a pequena capela ocupa um lugar de destaque. Sua presença diante do edifício em ruínas da antiga Escola Primária de Castelo Novo cria um contraste entre o espiritual e o secular, reforçando a importância da fé e da educação na história e no tecido social da vila.

A Capela de Santa Ana é mais do que uma estrutura de tijolos e pedras; ela é um testemunho vivo da relação entre a comunidade e sua crença religiosa, um monumento que fala silenciosamente sobre o passado e as histórias que se entrelaçam com cada tijolo e cada raio de sol que a toca. Por mais modesta que possa parecer, sua presença evoca uma sensação de continuidade e conexão com o passado, lembrando-nos da importância do culto e da devoção na vida de Castelo Novo.

Cabeço da Forca

O Cabeço da Força é um monumento singular nos arredores de Castelo Novo, e possui uma ligação profunda com as tradições enraizadas nessa vila medieval.

De acordo com uma lenda que tem sido transmitida de geração em geração, os dois blocos de granito que compõem o Cabeço da Força receberam esse nome bastante peculiar devido ao local ter servido como a forca do município. Sim, você leu corretamente!

Na pedra menor, que repousa sobre a maior, é possível discernir relevos esculpidos na superfície, trazendo consigo uma conotação… funerária. Entre essas representações, as mais evidentes são as duas caveiras, evocando uma imagem que traz certo ar de mistério e sobriedade. Além disso, é possível identificar um par de tíbias cruzadas sob os crânios, criando uma composição que carrega consigo significados além do que o olhar superficial pode perceber.

Esse conjunto de rochas, marcado por história e simbolismo, nos convida a contemplar aspectos menos iluminados da história medieval. Embora possa parecer surpreendente e, em certa medida, sombrio, o Cabeço da Força é um testemunho tangível de um passado que é complexo e multifacetado. Cada entalhe na pedra carrega uma narrativa que se desenrola entre vida, morte e justiça, elementos que, apesar de sombrios, são partes inextricáveis da história da vila.

Portanto, o Cabeço da Força transcende sua natureza como rochas esculpidas para se tornar uma janela para o passado, uma fonte de histórias e um lembrete da profundidade da vida e da sociedade de Castelo Novo. Suas marcas gravadas na pedra são um testemunho silencioso das histórias que ecoam nas sombras do passado, e ao nos aproximarmos dele, somos convidados a explorar as camadas ocultas e os aspectos menos conhecidos do rico tecido histórico da vila.

Cruzeiro

Encerrando este passeio por Castelo Novo, encontramos o Cruzeiro, situado a cerca de 100 metros do Cabeço da Força. Sua localização no Largo Primeiro de Dezembro é, na verdade, um marco comemorativo desta data de extrema importância na história de Portugal.

O Cruzeiro de Castelo Novo foi erguido em 1940 para celebrar dois marcos históricos cruciais: os 700 anos da Independência de Portugal e os 300 anos da Restauração da Independência, que ocorreram no ano de 1140 e no dia 1º de dezembro de 1640, respectivamente.

Este monumento, em forma de padrão, possui um significado simbólico que ressoa com a história da nação. Representando uma união de eventos marcantes, o Cruzeiro se destaca como um farol de lembrança para os passados gloriosos de Portugal. Sua presença no Largo Primeiro de Dezembro não apenas é uma marca física, mas também uma afirmação de continuidade e celebração, mantendo viva a memória das lutas e conquistas que moldaram a trajetória do país.

Como parte da paisagem de Castelo Novo, o Cruzeiro não é apenas um objeto estático, mas uma conexão viva com o passado. Ele nos lembra que as histórias de Castelo Novo e de Portugal se entrelaçam em um tecido rico e complexo, e nos convida a refletir sobre a importância da independência e da luta pela liberdade ao longo dos séculos.

 

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